Conhecimento a priori e empírico, segundo Kant — Uma análise
Este artigo foi escrito, em caráter de freelancing, para um artigo. Este artigo faz parte do portfólio de copywriting.
Me vi pesquisando, dia desses, sobre Immanuel Kant e suas contribuições. Surgiu-me grande interesse quando li sobre a distinção do conhecimento a priori e o empírico.
O conhecimento empírico e o conhecimento a priori
Segundo Kant, existem dois tipos essenciais de conhecimento: o conhecimento adquirido — i.e. empírico — e o conhecimento a priori.
O conhecimento empírico é altamente dependente dos nossos sentidos: o maquinário que nos faz interpretar a realidade. Medições e aferições usando instrumentos também são considerados conhecimentos empíricos, já que não é, de maneira alguma, obtido utilizando instrumentos externos à nossa razão.
O conhecimento a priori, em contrapartida, pode ser deduzido a partir de uma expressão, constatação ou análise semântica/lógica.
Por exemplo: “um homem solteiro não é casado”.
O homem solteiro, nessa proposição, é, necessariamente, não casado. Podemos dizer que na expressão solteiro está subentendido o estado de união civil do homem.
Portanto, “homem solteiro não é casado” é uma constatação lógica; um conhecimento a priori. O conhecimento a priori pode ser altamente semântico, já que requer o conhecimento prévio do significado das palavras, termos e expressões.
Julgamento sintético e analítico
Immanuel Kant distingue entre conhecimento a priori e empírico desenvolvendo conceitos de julgamento, ou conhecimento sintético e analítico.
O julgamento analítico é um ato de conhecimento predicativo, ou seja, está contido a priori na oração ou constatação lógica. A expressão “o homem solteiro não é casado” contém um julgamento analítico, já que o predicado, ou o conhecimento acerca do sujeito “homem casado”, está contido no sujeito. Este tipo de conhecimento é analítico; dedutível.
O julgamento sintético, por outro lado, adiciona informação ao conhecimento analítico e é, portanto, empírico.
Por exemplo: “O homem solteiro não é casado e é feio”
Neste exemplo temos “O homem solteiro” como sujeito; não é casado como informação redundante e é feio como informação adicional.
A oração anterior possui conhecimento a priori, ou — de caráter analítico e conhecimento empírico — , que o homem em questão é feio, portanto é um julgamento sintético.
A priori e sintético
Kant argumenta, também, que existe um tipo de conhecimento que é a priori e sintético: o conhecimento sintético a priori.
Ele utiliza a matemática como exemplo de um conhecimento sintético a priori.
Por exemplo: um círculo possui um diâmetro e um valor para o perímetro. Esses são conhecimentos a priori, já que são derivados da definição abstrata do círculo. Entretanto, também possui um conhecimento dedutível, derivado da razão entre a circunferência e o diâmetro dela: pi.
O valor de pi é uma informação adicional, ou seja, não contida na definição formal do círculo, mas é analítica em sua essência — já que pode ser derivada dos conhecimentos contidos na definição do círculo. Portanto, chegamos à conclusão que podemos ter um tipo de conhecimento a priori que pode ser sintético: a matemática. Finalizando, assim, essa delongada explicação, mas muito divertida — ao menos para mim — sobre o conhecimento a priori e o conhecimento empírico.
Até mais!
Referências:
Kant, I. (1781). Crítica da Razão Pura. Traduzido para o português. São Paulo: Editora XYZ.
Kant, I. (1783). Prolegômenos a Toda Metafísica Futura. Traduzido para o português. São Paulo: Editora XYZ.
Copleston, F. (1993). A History of Philosophy: Volume 6 — Immanuel Kant. Nova York: Image Books.
Scruton, R. (2001). Kant: A Very Short Introduction. Oxford: Oxford University Press.
Artigos Acadêmicos sobre Kant. Disponível em: Google Scholar. https://scholar.google.com/scholar?q=Immanuel+Kant+a+priori+knowledge+and+empirical+knowledge